DA REDAÇÃO DE A TRIBUNA
Já tem data o próximo passo para tornar realidade a queima de resíduos sólidos com a geração de energia elétrica na Baixada Santista. Está marcada para o dia 28 a abertura dos envelopes com as propostas para realização do estudo de viabilidade técnica e econômica para a instalação de uma usina incineradora de lixo na região.
De acordo com o assessor da Coordenadoria de Energia da Secretaria de Saneamento e Energia, José Ricardo Mafra Amorim,depois de assinado o contrato com a empresa vencedora, serão necessários seis meses para concluir o levantamento.
Por enquanto apenas os estudos de modelagem da usina de queima de lixo e o de caracterização do lixo, para avaliar composição e especificidades de cada região, foram iniciados. A ideia é implantar usinas nas três regiões metropolitanas do Estado: Baixada Santista (projeto-piloto), Campinas e São Paulo.
Amorim diz ainda que será necessário contratar o estudo de licenciamento ambiental.
Apesar de ser considerada a melhor alternativa para prolongar a vida útil dos aterros sanitários (com a incineração, o volume de lixo original se reduz a 10%, na forma de cinzas e escórias), a ideia ainda tem resistência de ambientalistas que consideram essa tecnologia como prejudicial à natureza e à saúde.
No caso do Sítio das Neves, em Santos, que recebe lixo do Município e de mais quatro cidades (Bertioga, Cubatão, Guarujá e Mongaguá), a expectativa é que a capacidade de operação se esgote daqui a dois anos. No entanto, há previsão de expansão do aterro sanitário para que ele continue recebendo detritos por mais duas décadas.
Paralelo à abertura dos envelopes com as propostas para o estudo de viabilidade, é aguardada também a assinatura de uma resolução conjunta de três secretarias (Saneamento e Energia, Meio Ambiente e Planejamento) e da Agência Metropolitana, para o aprofundamento dos estudos, segundo o diretor-executivo da Agem, Edmur Mesquita.
DÚVIDA
Ele explicou que o documento ainda não foi assinado porque há dúvida jurídica sobre a realização e divulgação do ato no período que antecede as eleições.
Conforme Mesquita, somente os estudos mais detalhados serão capazes de responder qual a melhor tecnologia para a queima de lixo, o local indicado para receber a usina incineradora na Baixada Santista, além do modelo econômico-financeiro ideal para o custeio do empreendimento.
Considerado um investimento alto para ser arcado pelos municípios ou apenas pelo Estado, "a ideia é trabalharmos com PPP (parceria público-privada)", explicou Mesquita.
Na Alemanha, a construção de uma usina capaz de processar mil toneladas diárias de lixo consumiu cerca e R$ 1 bilhão.
Para a Baixada, avaliações preliminares indicam a necessidade de uma usina com capacidade de queimar entre 400 e 600 toneladas por dia. Mantida a proporção, seriam necessários R$ 600 milhões para construção da unidade na região.
Para Amorim, uma características a ser considerada para a implantação de uma usina de incineração de lixo na região é a sazonalidade, já que na temporada o "aumento na quantidade de resíduos gerados é brutal".